Araucária


TODO o inverno, toda a batalha,
todos os ninhos do ferro molhado,
na sua firmeza atravessada de ar,
em tua cidade silvestre se levantam.

O cárcere renegado das pedras,

os fios submersos da espinha,
fazem de sua alambrada cabeleira
um pavilhão de sombras minerais.

Choro eriçado, eternidade da água,

monte de escamas, raio de ferraduras,
tua atormentada casa se constitui
com pétalas de pura geologia.

O alto inverno beija sua armadura

e te cobre de lábios destruídos:
a primavera de violento aroma
rompe sua sede em sua implacável estátua:
e o grave outono espera inutilmente
derramar ouro em sua estátua verde.

-Pablo Neruda


Do espanhol para o português


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